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  • padreribeiroa

Palavra do Pároco

Caríssimos,


O Senhor ressuscitou verdadeiramente, aleluia!


Por ocasião das festas pascais, recebi uma mensagem de um padre uberabense, que trabalha em São Paulo, Pe. Cláudio Dias, que me chamou sobremaneira a atenção e gostaria de partilhar com vocês a reflexão à qual ela nos convida.


Pedindo licença ao Pe. Cláudio, coloco nas mãos de todos a sua mensagem que termina com uma pergunta importante: você está vendo alguma coisa?


“Um dos mais surpreendentes livros que li neste ano é o Genocídio Ocultado escrito pelo antropólogo e economista franco-sebegalês Tidiane N`Diaye, publicado em 2008, uma investigação histórica sobre a escravidão imposta pelos árabes muçulmanos do Século VII ao Século XX. São Paulo Apóstolo nos escreve em testamento: “Não vos deixeis aprisionar ao jugo da escravidão”. – (Gal 5,1). As Sagradas Escrituras utilizam a imagem da escravidão para descrever o fardo do pecado.


Santo Agostinho, que viveu entre os anos de 354 e 430 é um autor muito responsável pelo aprofundamento de conceito de Pecado, tema tão pronunciado pelos lábios no tempo da Quaresma. Agostinho nos ensina que o pecado de Adão e Eva, e consequentemente o nosso por descendência, pode ser definido por um tripé: Orgulho, Revolta e Cegueira. Por que o primeiro casal no Jardim das Delícias foi acometido pelo Orgulho? Será que a dependência para com Deus os irritava e os fazia se sentir menores? Agora, pergunto: Quem não depende de alguém? Há um ser humano sequer que seja de fato auto - suficiente? Eu penso que a felicidade ser dependente de Deus. Optar pela felicidade orgulhosa de seres supostamente auto - suficientes os levou ao fracasso e à revolta.


A revolta os tornaram rancorosos, ressentidos e propagadores da “teoria” segundo a qual decisão de separar-se de Deus foi, de alguma forma, culpa do próprio Deus. Esta tese explica as pesquisas que confirmam que somos vaidosos, excessivamente confiantes, com tendências a ser dogmáticos; e, em matéria moral, somos moralistas até o tutano: Atribuímos as falhas dos outros a questão de caráter; as nossas falhas, pelo contrário, são justificadas pelas circunstâncias. A revolta e suas vertentes, o rancor, o ressentimento e a mentira sobre a própria condição humana de Adão e Eva, acabaram por levá-los cegueira. Quanto mais orgulhosos e revoltados, mais cegos, mais orgulhosos e mais revoltados. Enfim, o Pecado seria uma forma de cegueira. Neste sentido, a Humanidade seria uma espécie cega que caminha sobre a Terra, como um morcego sem sonar.


No capítulo 8 do Evangelho de Marcos acontece a cura do cego de Betsaida. A pergunta chave do texto ocorre no Versículo 23: “Você está vendo alguma coisa?” É a interrogação que Jesus faz ao cego, para que nós, hoje, dois mil anos depois, cegos também, possamos entender. A narração da cura do cego de Betsaida também tem duas partes, que representam as duas etapas fundamentais de nossa caminhada de iluminação. A primeira nos leva a reconhecer o Messias, Jesus, nossa esperança; a segunda nos faz reconhecer, além de toda a esperança, o filho de Deus que por sua Ressurreição nos ama com amor tão incompreensível que é capaz de nos curar de nós mesmos.


Você está vendo alguma coisa?


Padre Claudio Dias”


Tendo diante dos olhos a Festa de Pentecostes, peçamos ao Divino Espírito Santo a graça de enxergar com olhos pascais, de ressuscitados a realidade, as pessoas, a vida que nos cerca.

Benedicat vos Deus!


Mons. Valmir Ribeiro




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