Podemos entender esse “novo” como sendo um outro Brasil.
Após mais uma experiência democrática de eleições, e a escolha de
um novo Presidente da República, fica na mente dos brasileiros a
expectativa de um país diferente, onde a dignidade dos cidadãos
deve estar acima das demais atividades governamentais. A riqueza
do um país se mede pelo investimento e o cuidado com seu povo.
Peregrinamos direcionados ao final de mais um ano, tanto
no calendário litúrgico como no civil. É tempo de revisão, de projeção
e de reabilitação das forças para enfrentar os novos tempos. É
fundamental superar o mal e fazer escolhas que nos conduzam ao
bem comum e à justiça. A vida sempre tem novidades, porque ela
possui a fertilidade da presença de Deus, que a move para agir.
A construção do novo depende muito de sair do comodismo
e acreditar nas potencialidades que as pessoas têm na própria vida. É
uma realidade que atinge a consciência de quem realmente acredita
na providência de Deus. O ser humano, que faz um percurso histórico
apoiado na esperança, está habilitado para gerenciar, transformar e
construir um mundo sempre melhor, usando os próprios dons.
O povo tem os sinais motivadores de novas chances para
construir a vida, o bem comum, o Brasil e o mundo. Mas não pode
ser desanimado, apático e nem perder as motivações para levantar a
cabeça e reagir. A prática da omissão prejudica a coletividade, porque
os omissos ficam vivendo às custas de quem constrói. Biblicamente,
quem não trabalha, não tem direito à alimentação (cf. II Ts 3,7-12).
O bem de uma Nação, como é o caso agora do nosso país
com uma nova governança, depende essencialmente de autêntica
vigilância e de resistente fidelidade daqueles que conduzem os seus
destinos. É aquilo que o povo brasileiro espera do novo Presidente da
República e dos novos Governadores dos Estados da Federação. Que
sejam governos para todos, aglutinando as forças que desintegram.
Como cristãos, temos como certo, que Deus conduz os
destinos da história. Assim deve ser no Brasil após passar por um
período de tantas provocações, adversidades e lutas envolvendo todo
tipo de agressões e formas de mal. É preciso atravessar os tempos,
as intolerâncias, divisões, fake news e fazer surgir um novo jeito de
ser Brasil, com mais liberdade, sem medo e confiante em Deus.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba.